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Mostrando postagens de outubro, 2008

Elisa Lucinda

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Dá Licença, Bastiana? Vim te pedir, mulher seu filho um pouquinho seu filho um cadinho pra brincar comigo. Ah, Bastiana é só por carinho que vim te implorar Juro! Não vou machucar Ai, Tiana tá danado Você pode compreender eu vim pedir emprestado esse fruto abusado de sua enorme paixão Eu não quero ter ele não Se tiver posso perder como já perdi a razão. Eu vim pedir teu curumim pra mim por uns tempos longos por dentro Quero ele só um pouquinho... O quê? Ele diz que pra mim não existe pouquinho? Mas tá mentindo, Tiana, você sabe, vou devolver... Quero fazer com ele um filme pra televisão Quero ir com ele cantar no Canecão e a gente vira cinema na cara de toda Nação Ai, Bastiana, não diga que não! Se ele chupou seus peitinhos eu também quero Lá em casa tem uma rede que é pra ninar ele Se ele dormiu no seu colo eu também quero Ai, Tiana como te venero! Parece apelação mas é mais desespero de nega enfeitiçada que sente no couro o que é pedir para si o filho dos outros. Já sei: A gente grav

Ana Paula Tavares

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November without water Olha-me p'ra estas crianças de vidro cheias de água até às lágrimas enchendo a cidade de estilhaços procurando a vida nos caixotes do lixo. Olha-me estas crianças transporte animais de carga sobre os dias percorrendo a cidade até aos bordos carregam a morte sobre os ombros despejam-se sobre o espaço enchendo a cidade de estilhaços. (O lago da lua)

A insustentável leveza de ser

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A insustentável leveza de ser Ultimamente, em especial no campo da violência, a ficção tem mantido constante dialogo com a realidade.Não se sabe ao certo onde uma começa e onde a outra termina. Nesta semana que ora se finda, graças a Deus,uma das cenas da novela "Mulheres apaixonadas",de Manoel Carlos, em reprise nas tardes globais, chamou a minha atenção pela sua pertinência com o drama vivido por Eloá e outras adolescentes que, na seqüência daquele fato, também tiveram sua vidas ceifadas.Vítimas do mesmo motivo: a incapacidade dos algozes de aceitarem o fim de um relacionamento. Na ficção, Helena e Téo estão nesse processo de desligamento conjugal. Os dois conversam amigavelmente. Ele fala da oposição entre os primeiros tempos de uma convivência, quando os casais se buscam motivados por uma paixão em comum. Entretanto, no sentido inverso ao início do percurso,quando o tesão desaparece, geralmente desaparece apenas para um dos participantes da caminhada. Esse é o pro

Mulheres na História

Maria Felipa de Oliveira Conheça um pouco mais a respeito dessa heroína cujo nome na história da Independência da Bahia tem pouca visibilidade.

À Jacinta Passos

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Jacinta Passos Meu Sonho O meu sonho mais risonho é suave e pequenino resumindo entretanto o meu destino. É de cor azul sonora como o mar que longe chora. É cor de infinito e de ânsia, cor de céu, cor do mar, cor de distância. Tem a leve suavidade da saudade. E a cantante doçura de um regato que murmura. Macio e encantador É caricia de pluma e perfume de flor. O meu sonho mais risonho, é para mim, cada momento: o motivo maior de doce encantamento.

À Carolina

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Carolina Maria de Jesus Talvez vocês ainda não conheçam essa grande escritora, por isso ela aqui se apresenta. Vale a pena conhecer sua escrita visceral, como também, refletir sobre seu discurso, infelizmente,ainda atualizado. Seu livro " Quarto de Despejo " ,entre outros,fala por si.

Voz feminina

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TESTAMENTO ( Alda Lara) À prostituta mais nova do bairro mais velho e escuro, deixo os meus brincos, lavrados em cristal, límpido e puro... E àquela virgem esquecida rapariga sem ternura, sonhando algures uma lenda, deixo o meu vestido branco, o meu vestido de noiva,todo tecido de renda... Este meu rosário antigo ofereço-o àquele amigo que não acredita em Deus... E os livros, rosários meus das contas de outro sofrer, são para os homens humildes, que nunca souberam ler. Quanto aos meus poemas loucos, esses, que são de dor sincera e desordenada... esses, que são de esperança, desesperada mas firme, deixo-os a ti, meu amor... Para que, na paz da hora, em que a minha alma venha beijar de longe os teus olhos, vás por essa noite fora... com passos feitos de lua, oferecê-los às crianças que encontrares em cada rua...

Florbela Espanca

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Os versos que te fiz Deixe dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer ! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Tem dolencia de veludo caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer ! Mas, meu Amor, eu não te digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz ! Amo-te tanto ! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Cristiane Sobral

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NÃO VOU MAIS LAVAR OS PRATOS Não vou mais lavar os pratos. Nem limpar a poeira dos móveis. Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi. Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo mais a bagunça das folhas no quintal. Sinto muito. Depois de ler percebi a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética, a estática. Olho minhas mãos bem mais macias que antes e sinto que posso começar a ser a todo instante. Sinto. Agora sinto qualquer coisa. Não vou mais lavar os tapetes. Tenho os olhos rasos d'água. Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender o por quê, por que e o por quê. Exintem coisas. Eu li, e li, e li... Eu até sorri e deixei o feijão queimar. E olha que feijão sempre demora para ficar pronto... Considere que os tempos agora são outros... Ah, esqueci de dizer: não vou mais. Resolvi ficar um tempo comigo. Resolvi ler sobre o que se passa conosco. Você nem me espere, você nem me chame. Não vou. De tudo o que jamais li, de tudo o

Elizabeth Bishop

One Art The art of losing isn't hard to master; so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster. Lose something every day. Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent. The art of losing isn't hard to master. Then practice losing farther, losing faster: places, and names, and where it was you meant to travel. None of these will bring disaster. I lost my mother's watch. And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went. The art of losing isn't hard to master. I lost two cities, lovely ones. And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent. I miss them, but it wasn't a disaster. --Even losing you (the joking voice, a gesture I love) I shan't have lied. It's evident the art of losing's not too hard to master though it may look like (Write it!) like disaster.