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A Casa de D. Tiana!

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                              É comum ouvirmos, em relação à escola, essa frase;" é a minha segunda casa".   Não discordo, cada um tem a sua ordinal lista afetiva. A minha segunda casa ficava na minha rua Itaberaba(Itapetinga-Ba), na mesma quadra: A casa de D. Tiana. Ali foi o espaço da minha adolescência,  o lugar dos risos, das leituras, das aprendizagens pedagógicas, reforços escolares, festa natalina. Década de 70. Aquela família chegou à nossa rua. O casal D.Tiana e seu Nino com seus quatro filhos ( Mário, Manoel Messias "Natal", Joaquim Neto, Rosimar) e Dinha (D.Purcina), irmã da dona da casa.  D. Tiana (Sebastiana) era uma mulher negra, alta, bonita  A cor de sua pele nos ligava ao vínculo ancestral diáspórico e também pelo acolhimento, pelo carinho dispensado a mim e a todos. Não reclamava quando a casa se enchia de meninas e meninos vizinhos que ali estavam para assistir à programação televisiva. Aquele aparelho era um objeto de luxo. Por isso , no lado d

Sobre a rede

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                                                Sobre a  rede  Mais que um signo da cultura dos povos primeiros ,  com seus saberes , suas cosmopercepçoes e tecnologias do bem-viver,   a rede é uma  sofisticada criação, pela sua relação,  extensão , conexão com o físico e o metafísico.  Rede lugar de repouso , retorno fetal .  Útero elevado no tempo, suspenso. Rede acolhimento de corpos indistintos Justa concha, aconchego , abraço tecido em fios  Lugar de (des) fiar pensamentos .. Rede lugar de afago  Embalo afetivo no ouvir a  canção do vento ... Acalanto , acalmar! Pra lá ...pra cá... Fitar o firmamento  Desenhar nuvens com a imaginação  Guardar esse universo no fechar dos olhos .. Ninar -se! Pra lá... pra cá...! Aninhar-se ! Sonhar! (Acervo Teca Santos)
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Das seringas de vidro, injeção e gratidão. Neste contexto pandêmico, atualizado pela crise econômicas e conflitos imunológicos, observo as mãos que manejam as seringas descartáveis e essa mirada me transporta para Itapetinga-Ba, nos finais dos anos 60. Eu era criança e, vez ou outra, tinha crises de amigdalite para as quais, depois da ida ao médico, o “Benzetacil” era o antibiótico recomendado. Vale lembrar que nosso plano de saúde era representado por uma carteirinha do “Sasderba”. Após meu saudoso pai, S. Argemiro, (in memoriam), retirar uma autorização no DERBA. Com o receituário em mãos, era necessário ir à “Farmácia de S. Walter /Farmácia Sudoeste” coletar os preços de cada medicamento; voltar àquele departamento, pegar uma guia, retornar à farmácia para retirar os produtos, entre eles, a famosa injeção, o “terror dos terrores”, a “treva das trevas”. A próxima etapa era encontrar pela vizinhança uma pessoa que soubesse e pudesse aplicar a “inominável” numa criança: eu, a inf

De um ponto comercial e seus doces...

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Primeiramente, nos anos 70 , a mercearia ficava ali na rua Potiraguá, se localizava na esquina com a minha rua Itaberaba, depois, mudou-se para o lado oposto daquela rua e se instalou perto da casa de D. Adélia. Era uma casa comercial, com seus balcões de madeira, altos para a minha idade, de onde, em visão oblíqua, eu prestava atenção naquele senhor sempre sério a nos “despachar”. Aquele estabelecimento também representava as oscilações financeiras da minha casa. Minha mãe saía cedo para o rio Catolé, onde se juntava a outras lavadeiras em suas funções cotidianas de complemento da renda doméstica.  Meu pai, funcionário do DERBA, geralmente estava pelos trechos, longe de casa, a trabalhar. Nos dias de dinheiro escasso, minha avó, a quem chamávamos afetivamente de “mãe véia”, juntava os valores ¬ gratificações que recebia das genitoras por rezar os quebrantos das suas crianças ¬ e me encarregava de ir comprar óleo, açúcar , café , a exemplo, em pequenas quantidades, ou a retalho como be

Das recordações juninas...

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Das recordações juninas ... Há muito só restaram as lembranças de um tempo do São João,em Itapetinga. Essas recordações me levam de volta à infância e nela vejo minha mãe se preocupando com a necessidade de nossas roupas e sapatos. Assim, os meses que antecediam à festa, aqueles mais próximos, eram ritualizados pela ida à loja de tecidos e de calçados. Não que tivéssemos direito aos dois itens. Eu a acompanhava para escolher o tecido do meu vestido. Ali começava meu São João. Mesmo que essa ida às compras me trouxesse o dissabor de passar por uma ladeira íngreme, da qual eu morria de medo. Sempre me via caindo e essa visão me paralisava. Era um esforço imenso chegar à uma loja de placa pequena onde se lia o nome “Evereste”. Talvez tivesse esse nome por causa do monte. Não sei. Aquele ponto comercial, na subida e/ou descida, passou a representar para mim um dos desafios que eu deveria vencer na vida. Essas lembranças me levam a algumas ruas com suas palhas de coqueiro
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                              Carnaval de Salvador: um recado, em baianês, para os turistas “desavisados”!!! Rapaz! Se tem uma coisa que me deixa retada, é injustiça!! Aí, a mídia anuncia o carnaval de Salvador, mostrando a animação pré-carnavalesca e a pessoa vem me dizer que “ esse povo de Salvador só vive em festa”. Ora, pra bom entendedor ou entendedora, isso significa que o soteropolitano não tem o que fazer... ou aquela velha idiotice de que o povo baiano é preguiçoso. Dá vontade de “picarláporra...véi!" Sendo assim, quem é que vai limpar as merdas, os xixis derramados pelos banheiros? Quem fará a comida para abastecer a vossa barriga, quando vocês chegam aqui, tudo esfomeados, por que não conhecem fartura? Quem tomará conta dos seus filhos mimados, mal-educados? Sim, porque têm muitas mães que só suportam os filhos na hora de tirar foto... são as babás, as “mães pretas” que sempre estão a postos. Estou mentindo? Quem cuidará dos seus pets? Todo mundo adora cac
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Casal texto Em nossa vida acadêmica, somos "obrigados" a ler muitos livros . Às vezes, nessas leituras, não basta acessar a língua portuguesa. Temos que enveredar por outras compreensões das línguas estrangeiras. Isso é importante! São, também, demonstrações de conhecimento que transitam entre as relações de poder e as "fogueiras de vaidade", peculiares àquele ambiente. Entretanto, há lições, há textos que estão disponíveis no nosso cotidiano, impressos em gestos e, por pessoas comuns, pessoas ordinárias ou melhor, pessoas extraordinárias. Graças ao Orun, tenho sido abençoada porque tenho esses textos bem perto de mim e, na alfabetização, nesse processo de (con)vivência , essas pessoas têm-me ensinado lições que não cabem em nenhum livro, não podem ser traduzidas por nenhuma ferramenta, analógica ou digital, porque escritas na linguagem do amor, com caracteres invisíveis, tamanho multidimensional, Fonte sentimental, capitular. Textos que só olhos que