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Mostrando postagens de 2009
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Adelia Prado CORRIDINHO -------------------------------------------------------------------------------- O amor quer abraçar e não pode. A multidão em volta, com seus olhos cediços, põe caco de vidro no muro para o amor desistir. O amor usa o correio, o correio trapaceia, a carta não chega, o amor fica sem saber se é ou não é. O amor pega o cavalo, desembarca do trem, chega na porta cansado de tanto caminhar a pé. Fala a palavra açucena, pede água, bebe café, dorme na sua presença, chupa bala de hortelã. Tudo manha, truque, engenho: é descuidar, o amor te pega, te come, te molha todo. Mas água o amor não é. Adélia Prado
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ÂNIMO, ANIMA Ir para a sala de aula, a cada ano letivo, está representando para mim a entrada em um campo de batalha entre a minha vontade de continuar e o desejo de desistir de uma luta (vã). Ânimo. Vamos lá. Escrever os objetivos no plano de curso, entregá-lo à gestão pedagógica e antever o LUGAR que lhe será DESTINADO, antever também a sua ineficácia diante de uma turma de alunos, em sua grande maioria, “robotizada”, perante uma palavra dita ou escrita, na tentativa de uma mobilização discursiva: “É pra copiar?”. Resposta negativa, interesse idem. Quem dera que o registrado naqueles papéis se tornasse, em sua concretude, uma pauta de discussões e encaminhamentos. Em relação ao ensino da língua materna, por exemplo,que a concepção bakhtiniana de linguagem, na qual a palavra é o fenômeno ideológico, por excelência, fosse realmente a orientadora de um processo interacional na construção de sujeitos socializados, cultural e tecnicamente formados em direção à sua autonomia. Não é essa
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ASHELL,ASHELL PRA TODO MUNDO, ASHELL Elisa Lucinda Ela mora num Brasil mas trabalha em outro Brasil Ela, bonita...saiu.Perguntaram: Você quer vender bombril? Ela disse não. Era carnaval.Ela, não-passista, sumiu Perguntaram: empresta tuas pernas, bunda e quadris para um clip-exportação? Ela disse não. Ela dormiu. Sonhou, penteando os cabelos sem querer se fazendo um cafuné sem querer Perguntaram: você quer vender henê? Ela disse nãâãão. Ficou naquele não durmo não falo não como... Perguntaram: você quer vender omo? Ela disse NÂO. Ela viu um anúncio da cõnsul para todas as mulheres do mundo... Procurou, não se achou ali. Ela era nenhuma. Tinha destino de preto. Quis mudar de Brasil: ser modelo em Soweto. Queria ser realidade.Ficou naquele ou eu morro ou eu luto... Disseram: Às vezes um negro compromete o produto. Ficou só. Ligou a TV Tentou achar algum ponto em comum entre ela e o free: Nenhum. A não ser que amanhecesse loira, cabelos de seda shampoo mas a sua cor continua a mesma! Ela s

João Henrique,quatro meses depois...

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Lady Kate e a “pobremática” da educação escolar

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por Terezinha Oliveira Santos O humorístico "Zorra Total" (Rede Globo) pode ser considerado uma pausa para o riso nas noites de sábado de muitos telespectadores. O programa ganhou alguns pontos de audiência com o surgimento da personagem "Lady Kate", que caiu no gosto da maioria da população que se diverte com a "loira" e seu fiel escudeiro, Glauber. Mais do que uma sátira, Lady Kate pode ser vista por vários ângulos sob o aspecto da temática identitária, um dos assuntos amplamente discutidos dentro das Ciências Sociais, no contexto da pós-modernidade. Na categoria de gênero, "Lady" é uma mulher que assumiu por um tempo a identidade de prostituta na casa de "Madame Sofia", e graças à proteção de um senador, emerge daquela representação, num outro patamar social no qual possui dinheiro, logo tem outro poder e nesse deslocamento é levada a buscar um lugar na high society. Embora situada em um tempo histórico no qual tudo pode ser mercanti