sábado, 10 de novembro de 2012

OBESIDADE MENTAL E SEUS CADEADOS


Aproxima-se o dia 20 de Novembro e, com a data, aproxima-se também o mal-estar de alguns docentes com a obrigação de falar para ou com os alunos sobre “essas coisas de preto”. Neste  “Novembro Negro”   alguns  episódios  interseccionam-se em preconceitos e discriminações e não seria justo que eu permanecesse no silêncio, atitude que  em nada me ajudou, até agora.  Organizarei aqueles episódios em cenas:

Cena 1: A mídia nos traz a notícia que, em Salvador, uma mulher negra, pobre, fragilizada com os problemas de saúde acarretados pela obesidade dirige-se a um profissional de saúde em busca de ajuda. Depois de entrevistada, sai do consultório com uma receita onde consta o nome do remédio: “Cadialina”. Normal. Normal seria, se o tal remédio não fossem os sete cadeados que a moça deveria encomendar ao ferreiro e, para resolver a sua situação, deveria  colocá-los, cada um em determinados e perigosos lugares tais como: boca, fogão, geladeira, etc. sem esquecer-se de complementar essa instrução com uma dieta à base de água.
Cena 2- Na periferia de Salvador, uma escolar municipal está em festa, pois, naquela manhã, os alunos do ensino fundamental 1 sairão em caminhada, por um pequeno trecho do bairro, sensibilizando a população com cartazes onde constam alertas sobre a Dengue, a Educação para o Trânsito, a escassez da água e a Cultura da Paz. O som da fanfarra com suas bailarinas mistura-se aos cuidados das professoras com a organização de suas alas e esse frenesi vai deixando aquela manhã com um tom diferente na rotina escolar. Chegam professores de outro estabelecimento e são recepcionados pela gestora e por uma professora negra que atua neste turno como coordenadora do Programa Mais Educação. Em meio à conversa, uma professora quer saber da coordenadora se ela já terminara o Mestrado e essa, alegremente, lhe diz que sim, aliás, acabara de concluir o doutorado, também, ao que o gestor convidado pergunta-lhe: _Onde, no Paraguai?
Cena 3- Nesta mesma escola, neste mesmo dia, à tarde, professores estão reunidos no horário do intervalo. Aquela coordenadora, agora regente de sala, comenta com o grupo o fato ocorrido na Cena 1. Uma professora diz que “às vezes, as coisas não são bem assim, é porque esse povo transforma tudo em problema”.  Acaba-se o intervalo, voltamos às nossas salas de aula. Entretanto, as cenas deste nove de  novembro, não me saem da cabeça. O que devo dizer àquele gestor, também negro, com sua pergunta e resposta já inclusa a partir de uma  localização geográfica carregada de estereótipos que nos possibilitam outras leituras. E não estou falando aqui da migração docente para terras latinas em busca de uma chance acadêmica. Não, caro gestor, embora lá me dissessem que eu não tinha o perfil, conclui meu curso em Linguística Aplicada, na Universidade Federal da Bahia.
O que dizer àquela professora, que talvez não se identifique como negra, e tem esse direito, justamente quando na escola estamos finalizando o semestre com um projeto pedagógico falando sobre diferenças e preconceitos. De que maneira a professora discute esse assunto com seus alunos? Discute? O que dizer a todos aqueles que nas suas relações de poder se acham no direito de trancar a nossa mente, abrir nossos sexos, ferir nossos ouvidos com a violência ambivalente das palavras que machucam  sem querer, que ferem  sem querer. O diabo é essa nossa sensibilidade. No entanto, caro doutor, há problemas que não se resolvem com os cadeados. Esses,  já temos... E muitos!  A nossa luta histórica é a busca pelas chaves. Estamos pouco a pouco, encontrando-as, apesar de você(s).

Profª Drª Terezinha Oliveira Santos
Professora da Rede Municipal de Salvador/SECULT

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Amado Jorge, Jorge Amado



Em Ilhéus, no Bar Vesúvio,

enquanto Jorge fitava o infinito,

eu celebrava a vida,

com um sorriso bem bonito!!!!

kkkk








quarta-feira, 14 de março de 2012

Palavra de mulher


A noite não adormece nos olhos das mulheres

 Conceição Evaristo

 Em memória de Beatriz Nascimento


A noite não adormece nos olhos das mulheres a lua fêmea,
semelhante nossa, em vigília atenta vigia a nossa memória.
 A noite não adormece nos olhos das mulheres
 há mais olhos que sono onde lágrimas suspensas
 virgulam o lapso de nossas molhadas lembranças.
 A noite não adormece nos olhos das mulheres
vaginas abertas retêm e expulsam a vida
donde Ainás, Nzingas, Ngambeles e outras meninas luas
afastam delas e de nós os nossos cálices de lágrimas.
 A noite não adormecerá jamais nos olhos das fêmeas
 pois do nosso sangue-mulher de nosso líquido lembradiço
em cada gota que jorra um fio invisível e tônico
pacientemente cose a rede de nossa milenar resistência.

quinta-feira, 8 de março de 2012


Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.


Marina Colasanti

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

18º COLE O mundo grita. Escuta?



16 a 20 de julho de 2012 Unicamp – Campinas/SP Com este tema, pretende-se o entrelace de diferentes linguagens, variadas formas de expressão, superfícies múltiplas que se movimentam e se tocam. Gritos que soam em dinâmicas e criações de linguagens que leem o mundo: as postagens – cartas, telegramas, cartões postais, torpedos...; as artes – fotografia, música, literatura, teatro, dança, cinema, instalações...; as formas de vida – da infância, da loucura, da velhice, da juventude, da resistência, das relações socioculturais...; as dobras da língua portuguesa – atravessamentos subjetivos, polissêmicos, polifônicos, políticos... Potências do fragmento, da sonoridade, da imagem, da territorialidade, da temporalidade... Potências plurais e singulares, vacúolos e sem-sentidos, contracombates à homogeneização na escuta do mundo. Como gritam. As inscrições para apresentação de trabalho e para demais categorias de participação começam no dia 21 de novembro/2011 e seguem até 14 de março de 2012. Gostaríamos de lembrar que apenas os associados da ALB poderão apresentar trabalhos nesse COLE, por isso, convidamos os interessados a se associarem e aproveitarem as vantagens da associação. Um abraço, Diretoria ALB Biênio 2011/2012 Para associar-se à ALB: http://alb.com.br/associe-se Para saber mais sobre o 18º COLE: http://www.18cole.com.br

A Casa de D. Tiana!

                              É comum ouvirmos, em relação à escola, essa frase;" é a minha segunda casa".   Não discordo, cada um...